Já parou pra pensar como a gente reage quando o assunto é dinheiro? Tem gente que guarda cada centavo debaixo do colchão. Outros adoram arriscar tudo na primeira oportunidade que aparece. E você, como se comporta?
Antes de sair por aí aplicando suas economias, vale a pena conhecer uma coisa chamada perfil do investidor. Nada complicado, é só um jeito de entender como você lida com dinheiro e riscos.
Afinal, o que é esse tal perfil do investidor?
O perfil do investidor é como se fosse seu temperamento financeiro. Sabe quando você conhece alguém e logo percebe se a pessoa é mais cautelosa ou aventureira? Pois é, com dinheiro funciona parecido.
Esse perfil mostra como você se comporta diante dos altos e baixos do mercado. Se fica tranquilo quando as coisas desandam ou se perde o sono por causa de qualquer oscilação. Também indica por quanto tempo você está disposto a deixar seu dinheiro rendendo.
É como seu jeito de dirigir. Tem quem vai sempre na velocidade limite, com cinto e tudo certinho. E tem quem gosta de acelerar um pouquinho mais. Nenhum está errado, são apenas estilos diferentes.
E por que isso importa tanto?
Olha, investir sem conhecer seu perfil é como sair de casa sem saber o clima lá fora. Pode até dar certo, mas também pode acabar todo molhado numa tempestade sem guarda-chuva.
Quando você conhece seu próprio jeito de lidar com investimentos:
- Dorme melhor à noite, sem ficar checando a cotação a cada cinco minutos
- Escolhe aplicações que combinam com seus objetivos de vida
- Diminui as chances de tomar decisões precipitadas nos momentos de crise
- Aumenta as possibilidades de sucesso no longo prazo
Muita gente desiste de investir justo porque pulou essa etapa. Daí escolhe coisas que não combinam com seu jeito, passa por sustos desnecessários e acaba pensando: “isso não é pra mim”. Que pena, né?
Os três perfis que todo mundo fala por aí
No mundo dos investimentos, geralmente falam de três perfis principais. Mas calma, não existe certo ou errado aqui – cada um tem seu valor.
Perfil Conservador
É aquela pessoa que preza pela segurança acima de tudo. Se você fica com o coração na mão só de pensar em perder parte do seu suado dinheirinho, provavelmente se identifica com esse perfil.
O conservador:
- Prefere aplicações seguras, mesmo que rendam menos
- Prioriza dormir tranquilo sem preocupações
- Costuma aplicar em coisas como poupança, Tesouro Direto e CDBs de bancos grandes
Vale dizer: ser conservador não significa ser medroso ou sem visão. É só uma característica, como preferir café sem açúcar. Cada um no seu quadrado.
Perfil Moderado
Agora, se você tolera algum risco em busca de ganhar um pouquinho mais, mas sem exageros, provavelmente tem um perfil de investidor moderado. É aquele meio termo entre não arriscar nada e apostar tudo.
O moderado:
- Busca equilíbrio entre segurança e rendimento
- Aceita pequenas oscilações de vez em quando
- Costuma misturar investimentos seguros com outros um pouco mais arriscados
É como aquela pessoa que no restaurante às vezes prova um prato diferente, mas também tem seus favoritos de sempre.
Perfil Arrojado
E tem o pessoal que não se intimida com as subidas e descidas do mercado. Pelo contrário, às vezes até se anima quando tudo parece estar desabando.
O arrojado:
- Está disposto a correr riscos maiores
- Busca ganhos acima da média
- Aguenta bem ver o patrimônio oscilando sem entrar em pânico
- Geralmente investe bastante em ações, fundos mais agressivos e por aí vai
Mas atenção: ser arrojado não é ser imprudente. O bom investidor arrojado estuda muito e sabe os riscos que está correndo.
Descobrindo seu jeito de investir
Tá, mas como descobrir qual é meu perfil de investidor?
Primeiro, entenda que isso não é algo fixo para sempre. Seu perfil pode mudar conforme sua vida muda. Aquele jovem super arrojado pode se tornar mais conservador quando tem filhos, por exemplo.
Para identificar seu perfil atual, pense nestas situações:
Como você reage às perdas?
Imagine que seus investimentos caíram 15% em uma semana. O que você faria?
- Venderia tudo correndo para evitar perder mais?
- Ficaria preocupado, mas aguentaria o tranco esperando melhorar?
- Aproveitaria para comprar mais agora que está “barato”?
Sua reação diz muito sobre você.
Pra que você está guardando dinheiro?
Quer comprar uma casa em dois anos? Está pensando na aposentadoria daqui a 30? Ou quer juntar para uma viagem no ano que vem?
Quanto mais perto estiver seu objetivo, geralmente mais conservador você precisa ser.
Em que momento da vida você está?
Um rapaz de 25 anos sem filhos normalmente pode correr mais riscos que uma pessoa de 60 prestes a se aposentar. Isso porque o jovem tem mais tempo pela frente para recuperar eventuais perdas.
O que você sabe sobre investimentos?
Quanto mais você entende do assunto, mais confortável pode ficar para assumir certos riscos. Por outro lado, se está começando agora, talvez seja melhor ir com calma enquanto aprende.
Os enganos mais comuns sobre o perfil
Existem algumas ideias erradas que muita gente acredita:
“Todo conservador é medroso” Nada a ver! É uma preferência válida e muitas vezes a mais adequada.
“Todo mundo deveria investir em ações” Nem pensar! Se você não se sente confortável com as oscilações, forçar-se a investir em algo arriscado pode ser um tiro no pé.
“Jovem tem que ser arrojado” Depende! A idade é só um dos fatores. Um jovem que precisa do dinheiro em breve ou que fica muito ansioso com oscilações pode ser mais conservador, sim.
Onde investir de acordo com seu perfil
Agora que você já tem uma ideia melhor sobre o perfil do investidor, vamos ver algumas opções para cada tipo:
Para quem é conservador
- Tesouro Selic e outros títulos do governo
- CDBs de bancos grandes
- Fundos DI
- LCIs e LCAs (que são isentas de imposto de renda)
A palavra de ordem aqui é segurança. Nada de aplicações com risco de perder o que investiu.
Para quem é moderado
Além do que o conservador investe:
- Alguns fundos multimercado mais tranquilos
- Fundos imobiliários que pagam aluguéis constantes
- Uma pequena parte em algumas ações bem estabelecidas
- Títulos públicos de prazo mais longo
Aqui a diversificação começa a ganhar importância.
Para quem é arrojado
Além das opções anteriores:
- Mais ações e fundos de ações
- Fundos imobiliários diversos
- Fundos multimercado mais agressivos
- Talvez até um pouquinho de investimentos alternativos
É um perfil que busca oportunidades, mas sempre com conhecimento.
E olha, não existe fórmula mágica. Duas pessoas com o mesmo perfil podem ter carteiras bem diferentes e ainda assim estarem fazendo o que é melhor para cada uma.
Não existe o “melhor investimento”
De vez em quando aparece alguém falando do “investimento do momento” ou da “aplicação que está rendendo mais que todas”. E bate aquela tentação de largar tudo e colocar seu dinheiro lá, não é mesmo?
Mas a verdade é que não existe “o melhor investimento” para todo mundo. Existe o melhor para você, considerando seu perfil de investidor, seus objetivos e seu momento de vida.
Um CDB que rende pouco pode ser excelente para um conservador que busca segurança, enquanto uma carteira de ações pode ser ideal para um arrojado que pensa no longo prazo.
Seu perfil vai mudando com o tempo
À medida que você aprende mais sobre investimentos, é natural que seu perfil se ajuste. Muita gente começa bem conservadora e, conforme ganha conhecimento, vai se permitindo correr um pouquinho mais de risco.
Outros fazem o caminho inverso: depois de anos como investidores arrojados, decidem reduzir os riscos para proteger o que conquistaram.
O importante é que essa mudança aconteça de forma consciente e não por pressão dos outros ou modismos.
O caminho do meio também existe
E tem aquela turma que não se encaixa perfeitamente em nenhum dos três perfis clássicos. Na verdade, a maioria de nós tem características mistas. Você pode ser bem conservador com o dinheiro da entrada da casa, mas mais arrojado com uma reserva para a aposentadoria.
Por isso, além dos três perfis tradicionais, hoje em dia muita gente fala em perfis intermediários:
- Conservador-moderado: um pouquinho menos avesso ao risco que o conservador puro
- Moderado-arrojado: um tantinho mais propenso a arriscar que o moderado comum
Respeitando seu próprio jeito
No fim das contas, conhecer e respeitar seu perfil de investidor é fundamental para ter uma jornada financeira tranquila. Não adianta se forçar a ser quem você não é – isso só vai trazer estresse e, provavelmente, más decisões nos momentos críticos.
Ao mesmo tempo, é bom não usar seu perfil como desculpa para deixar de aprender coisas novas. O conservador pode entender sobre ações mesmo que não invista nelas ainda. O arrojado pode aprender sobre proteção patrimonial mesmo que seu foco atual seja crescimento.
O melhor investidor não é o mais arrojado ou o mais conservador – é aquele que se conhece e faz escolhas alinhadas com seus objetivos e sua personalidade. É quem não segue cegamente o que está na moda, mas constrói seu próprio caminho com consciência.
E aí, já sabe qual é o seu perfil de investidor? Se ainda tem dúvidas, que tal fazer um dos muitos testes disponíveis nos sites dos bancos ou corretoras? Conhecer-se melhor é sempre o primeiro passo para decisões mais inteligentes com seu dinheiro.
Afinal, na estrada dos investimentos, mais importante que chegar rápido é chegar bem – e de preferência, curtindo a paisagem durante o caminho!
